Wednesday, December 28, 2005

Natal, ano novo e afins

Começa a ser cada vez mais dificil escrever em português: a caneta não desliza, as palavras não surgem e por vezes ate já me faltam palavras em português.
Começo cada vez mais a diluir-me neste novo país, e apesar de não esquecer quem sou e de onde venho, começo a ter o ar desta cidade entranhado no pele, nos pulmões...
O meu primeiro natal fora de casa lá se passou, e não estou neste momento depressivo e perdido muito graças ao portuguese que aqui conheci e que me acolheram no natal como se de família se tratasse.
Estes são os pequenos gestos que tornam as pessoas enormes, com grande peso na nossa vida. Não sei o que me espera o futuro, nem em que país esse futuro me espera, mas sei que dificilmente me esquecerei deste natal, por ter sido o primeiro fora de casa e por ter sido o primeiro com este grupo fantastico que aqui encontrei.
O ano novo está também programado para ser com o mesmo grupo, talvez mais alguns ainda, e quase me arrisco que será para mim um ano novo em família...

Wednesday, December 07, 2005

Frio ou talvez nem tanto

Escrever num teclado ingles tem destas coisas...
La fora esta frio. Ja esteve mais, mas tambem ja esteve menos. Ca dentro eh que esta quase sempre na mesma...
Mais uma noite no lab, desta vez complementada com estudo. A isto eh que se chama amor ah camisola, ou sera dependencia da sensacao do dever cumprido.
Ha dias, quando nevou abundantemente durante a noite, tudo estava branco durante o dia e uma ideia desabrochou na minha mente: Nao fossem os carros e os predios e parecia que estava no polo norte!
Mas nesses dias em que fazia algumas caminhadas ah neve outra ideia, esta mais poetica fez questao de prevalecer: snow comes to tears in your face!
Dentro de 4 minutos abandono o computador para voltar momentaneamente ao trabalho de laboratorio e depois esperar mais duas horas.
Visto desta forma ate parece um trabalho aborrecido, e na verdade eh!!!
O cronometro apitou, eh tempo de ir.
Talvez neve de novo...

Tuesday, December 06, 2005

Dezembro veio depressa

E já estamos em Dezembro, a menos de 20 dias do Natal!
E já estão tantos centímetros de neve lá fora como graus negativos - 20!
E já estou aqui há quase meio ano - mais 8 dias e são cinco meses!
E já nem me lembro dos feriados portugueses - expulsámos os espanhois e nem me lembrei!
E já nem me lembro do teu cheiro pela manhã, nem como é suave o teu murmurar, nem como sabe bem ter-te entre os meus braços!
Mas sei que o teu perfume é o odor do paraíso, e o teu murmurar é a mais bela melodia, e ter-te nos meus braços é abraçar a perfeição!

Saturday, December 03, 2005

Compras

Hoje passei toda a terde naquele que é o maior centro comercial do mundo e até foi interessante ver tanta gente junta.
Já por duas vezes tinha passado algum tempo no dito centro, mas confesso que talvez esteja mais agarrado às compras de rua que se fazem pela Europa for, com ruas e ruas cheias de lojas de um lado e do outro e como tal não fiquei (e ainda não sou) grande fã de centros comerciais. Mas a verdade é que o West Edmonton Mall é uma cidade completa: restaurantes, discotecas, bares, ringue de patinagem no gelo, hoteis, mini-golf, salões de jogos e, espantem-se, praia (sim, leram bem, aquela coisa tem mesmo uma praia lá dentro com ondas e tudo!!!!).
O sítio é mesmo enorme e o mais fácil é perdermo-nos lá dentro e sentirmo-nos tentados a comprar.
Mas é claro que eu gosto de ser do contra e em tanto tempo consegui não comprar nada, principalmente porque não me consegui apaixonar por nada, e aquilo pelo qual me apaixonava apresentava preço proibitivo!!!!
Dps fui a um dos centros comerciais mais pequenos na minha zona favorita da cidade e em dois minutos consegui comprar umas luvas e um gorro pois foi mesmo paixão à primeira vista. Segui-se jantar e depois cinema e agora descontrair para recuperar das temperaturas agradáveis (por volta de -25º).
E assim se passa um sábado numa cidade one quase tudo está branco e que até é bonito, mas se podesse ser um bocadinho mais quente....

Wednesday, November 30, 2005

A Razão

Quer queiramos quer não há sempre uma razao para aquilo que fazemos.
Tenho um amigo que diz que tudo o que fazemos tem por base a raiva. E se por um lado ele até pode ter razao e até podemos justificar as nossas acções tendo por base a raiva, a verdade é que hoje escrevo para falar doutras motivaçoes. Escrevo hoje para que nunca caia em esquecimento a pessoa que me fez interessar pela ciência.
Preciso sempre de uns momentos para contar a pianinho (era este o nome que a minha professora de escola primaria dava quando contavamos pelos dedos) para poder ser preciso no que conto. Mas dizia eu, corria o ano de 1995 (ou seria de 1994?). Mas para a história o ano pouco interessa. Estava eu no meu 8º ano de escolaridade quando me dava por feliz e contente por não ter professora de biologia que já ia na 2a baixa consecutiva quando de repente alguém (a directora de turma) nos diz que íamos ter um professor substituto.
O professor tinha seguramente mais de 1,80 m, e usava barba bem aparada. Apresentou-se como António Paulo Salgado e não sei precisar quando foi, mas facilmente ganhou o nosso respeito (e não éramos uma turma fácil).
Biologia ganhou uma vida nova, e de repente o rapaz que tinha crescido a querer ser jogador da bola, policia e advogado, passou a achar que a ciência tinha muito mais interesse.
Um dia ele convidou-nos para o irmos visitar à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra onde ele fazia investigação.
E foi com gosto que eu e mais 5 ou 6 colegas subimos o quebra costas, vindos da Escola Poeta Manuel da Silva Gaio, e nos dirigimos ao segurança na entrada principal e perguntámos pelo professor António Paulo Salgado.
Ele demorou a chegar e eu não podia esperar, pelo que nunca tive a oportunidade de ver onde era o laboratório onde ele trabalhava, mas a partir desse momento nunca mais pensei noutra coisa que não fosse ir para uma area científica.
Depois de 6 anos na Universidade, foi preciso ir para o estrangeiro para me voltar a lembrar de como aqui vim parar e finalmente descobrir que em Março de 2000 o meu Professor, António Paulo Salgado, morreu num acidente de viação.
Tive 6 meses para lhe agradecer, e agora que finalmente o iria fazer, existe apenas um rebento para me ouvir.
Não há moraç da história, não existe conclusão, apenas uma sensação de perda que nunca tinha sentido antes com alguém com quem tive tão pouco contacto. Mas acho que estaria (está) orgulhoso por ter mudado a minha vida e me ter indicado o caminho para a felicidade!

Tuesday, November 22, 2005

Reviver o passado

Para quem estava numa de contar como foi a transiçao e ja não escrevia há muito tempo, devo dizer q dois posts em dois dias parece-me muito bom.
Volto ao passado, mas no fundo o que tenho é saudades do futuro. Desejo que o tempo passe depressa para voltar a encontrar a felicidade nos meus braços, seja neste país ou noutro qualquer canto do mundo.
Ouço sons de um passado muito distante. Seguramente mais de 7 ou 8 anos passaram desde que pedi uns CD's de Bush emprestados para levar de fárias para a Figueira.
Vivia entao o Verão da minha vida, verão que começou em desepero e ao mesmo tempo crença, e um dia por capricho acabou por me dar felicidade às mãos cheias. Não uma felicidade de supermercado, mas uma felicidade de maratona, ou de montanhismo, foi e é uma prova de resistência, cheia de obstáculos, mas cada passada torna mais próxima a meta, cada dia que passa é menos um dia de espera, cada abstáculo ultrapassado dá ainda mais sabor a cada segundo partilhado.Talvez um dia seja louco o suficiente para usar estas palavras como definição de amor, mas hoje estou demasiado apaixonado para pensar nessas coisas.
Hoje rendi-me às novas tecnologias e à maravilha que é a webcam!
Mas também tive oportunidade de renovar os meus sentimentos, não no sentido de os substituir, mas no sentido de que tanto tempo depois percebo que ainda sinto o mesmo, com a mesma intensidade, o desejo ainda é o mesmo de quando ainda nem tinha idade para entrar no casino!
Foi preciso ouvir uma música de Bush para largar o que tinha entre mãos e acabar por escrever sobre o que podia ter sido um dia como os outros, se um raio de Sol não me tivesse atingido quase fulminantemente. E eu fiquei feliz por isso!

Sunday, November 20, 2005

ena! tanto tempo depois

E nem sei bem porquê, mas de repente esqueci-me que um dia tinha criado um blog de cronicas, que acabava por ser um companheiro de desabafos.
Desde o último post que tanta coisa aconteceu: mudei o chão que piso e agora tem dias em que a neve se põe entre os meus pés e o chão.
Pois é, resolvi agarrar o meu sonho com as duas mãos, fechei os olhos e fui até ao fim, e agora cá estou eu no Canadá a fazer o que gosto, mas longe de quem gosto.
Parece que não se pode ter mesmo tudo.
Enquanto a roupa lava lá em baixo na cave, vou debicando numas uvas sem sementes (onde é que ja se viu uvas sem semente?!?!?!) e preparo-me para me agarrar ao trabalho. Pois é, vida de cientista é chata, mas vida de candidato a cientista ainda é pior: não há feriados nem fins de semana. Mas a verdade é que eu até gosto das coisas assim, e não há nada melhor que um laboratório vazio, sem ninguém por perto para chatear, e aquilo é tudo nosso: o nosso ritmo de trabalho, o nosso volume da nossa musica!
Talvez dedique os próximos posts a descrever o choque cultural que vivi ao vir para aqui: aquelas pequenas coisas que só um cientista repara, e se juntarmos o candidato a cientista com o candidato a poeta/escritor, entao muito há para escrever.
Só para aguçar o apetite aqui fica um bocadinho do que vivi hoje.
Fui para a baixa da cidade ter com uns colegas (andamos todos com a mania que somos escritores) para escrever. E para lá chegar tenho de apanhar o metro e o autocarro.
Ao contrário da maioria das cidades (acho eu) por aqui não é bem na periferia que estao os bairros degradados, é mesmo no meio da cidade, na Downtown, ao lado dos grandes edifício de negócios estao casas a apodrecer, edificios de apartamentos muito mal tratados e, é claro, os armazens abandonados.
Nesta zona da cidade andar de autocarro é uma odisseia por vários motivos:
1º o autocarro pára cada 40 segundos quase;
2º nunca vi motoristas de autocarro tão simpáticos. Falam com toda a gente e são mesmo atenciosos;
3º é um acumular de gente estranha... Hoje, por exemplo, estava uma senhora sentada atrás do motorista. Devia rondar os 60 e passou a viagem toda a choramingar; de frente a ela um homem que ultrapassava os 100 kg de certeza mandava charme a uma sra dos seus 60s tb que desfiava pedaços de lã para acalmar (palavras dela). A certa altura entra uma sra por volta dos 50 com voz de catarro e a falar sozinha. No banco ao meu lado um septuagenario apático e hirto vegetava.
E entao se tentarem andar de metro durante a semana dps das nove da noite... é mais ou menos o mesmo.
Mas no fundo até que gosto desta cidade. Por vezes quase me sinto Edmontonian, tal é a diversidade que por aqui há...

Friday, April 29, 2005

depois do sol as nuvens

nem sempre me apetece escrever, nem sempre a inspiraçao vem, e neste momento não há inspiração que me valha.
Depois do sol de ontem o céu fica cinzento, uma breve brisa sopra.
Um dia como os outros para a minha confusão

Monday, April 04, 2005

Difícil a vida de um poeta

Preso a musas que me soltem as palavras, acabo por ficar refém deste meu vício que é a escrita, e ao mesmo tempo refém das mulheres e das paixões que me estimulam as palavras.
E que faço então quando o meu coração rejeita as mulheres que me envolvem e as memórias de amores passados já estão tão gastas que todas as palavras são iguais???
Pois bem, NADA!!!
Espero calmamente por uma alma caridosa que consiga ter um sorriso diferente capaz de acordar o meu coração, ou então uns olhos magníficos, ou um feitio fodido que me acorde. Mas se nada disso resultar fico-me pelo corpo escultural e escrevo textos ordinários a que carinhosamente chamo "Monólogos da Lua" - tentativa de textos pseudo-eróticos.
Puta de sorte ter virado poeta e ainda por cima com a mania que escrevo bem.
Pois bem, o sol foi-se apesar de até estar calor. A chuva também não dá sinais de vida. E se nem o tempo ajuda, como hei-de eu escrever o que quer que seja apenas apaixonado por duas mulheres tão diferentes como o Sol e a Chuva????

Monday, February 07, 2005

sentir mais qualquer coisa

Nota: estou a escrever num teclado em ingles, por isso...

Quando a nossa vida estagna, achamos pouco provavel que alguem que conhecemos ha bastante tempo seja capaz de nos surpreender. Mas por vezes eh isso que acontece, sao esses momentos que nos fazem ver o quanto errados estamos, como por vezes as nossas solucoes sao meras fugas, o objectivo nao eh compreender mas sim fugir do passado e das recordacoes o mais depressa possivel.
Mas de que falo eu?
Falo de um sonho: ser pai e ter uma familia. Falo de esquecer um sonho quando morre uma paixao. Falo de reviver esse mesmo sonho, sentindo-o real, e de descobrir que estes dois ou tres ultimos anos mais nao foram que uma mentira. Falo de reencontros, de amor, de paixao, de missoes impossiveis e mesmo assim de todo o caminho ate que esse sonho se concretiza. Falo de mim e de ti!
Para quem ja tem filhos aquilo que falo mais nao eh do que o dia a dia de qualquer pai. Mas para alguem como eu, que apesar de saber o que eh o amor e amar, e o que eh sofrer por amor, mais nao quero do que ser feliz hoje e agora, sentir-me pai foi algo que deu uma nova cor, uma nova melodia, uma nova paz e vontade de viver que ate agora nao conhecia e julgava mesmo ser incapaz de tais sentimentos.
Compreendo agora que apesar de me achar curado de uma dor de amar tao forte, que ate a respirar doia, a verdade eh que nunca estive curado, a verdade eh que o primeiro amor dura para sempre, a verdade eh que o verdadeiro amor eh eterno, a verdade eh que amo da mesma forma como sempre amei, a pessoa, o sorriso, as lagrimas.
Pois bem, apesar de todas estas palavras, talvez nao esteja a fazer sentido, mas a confusao dentro de mim eh tal que nada do que faco ou penso pode ter sentido.

Thursday, January 20, 2005

Está um sol....

Está sol como se fosse verão.
Ouço maroon 5: "Sunday morning the rain is falling"
Se olhar pela janela apenas vejo mais janelas e telhas, um uma faixa geometricamente limitada de céu azul.
Coimbra está bonita, mas no entanto o melhor seria dizer que coimbra está na mesma, talvez um pouco mais velha, talvez apenas conservada para a idade que tem. É, no fundo, a minha Coimbra de sempre, mas agora com as ruas da baixinha mais vazias e as caras mais tristes.
O negócio está mau, dizem uns, enquanto que outros se limitam a fechar os negócios de uma vida inteira.
Não é fácil ser-se português em Portugal, mas como será ser português no estrangeiro? Alemanha, sem perceber alemão, em França sem perceber puto de francês, na Suécia, sem perceber corno de sueco e as suecas lá tão alto...
Estamos destinados a deixar a nossa marca pelo mundo fora: primeiro descobrimos o planeta em que vivemos, depois invadimos meio mundom à procura de melhores oportunidades de vida, de dinheiro, e de paz em relação à ditadura; agora levamos a nossa sabedoria e colocamo-la ao dispor de instituições estrangeiras, mas no fundo também este conhecimento, o científico, aderiu à globalização, e de certa forma um descoberta fantástica no Burundi vai sempre afectar-nos e contribuir para uma melhor qualidade de vida.

Por hoje chega,
Até um dia destes