E nem sei bem porquê, mas de repente esqueci-me que um dia tinha criado um blog de cronicas, que acabava por ser um companheiro de desabafos.
Desde o último post que tanta coisa aconteceu: mudei o chão que piso e agora tem dias em que a neve se põe entre os meus pés e o chão.
Pois é, resolvi agarrar o meu sonho com as duas mãos, fechei os olhos e fui até ao fim, e agora cá estou eu no Canadá a fazer o que gosto, mas longe de quem gosto.
Parece que não se pode ter mesmo tudo.
Enquanto a roupa lava lá em baixo na cave, vou debicando numas uvas sem sementes (onde é que ja se viu uvas sem semente?!?!?!) e preparo-me para me agarrar ao trabalho. Pois é, vida de cientista é chata, mas vida de candidato a cientista ainda é pior: não há feriados nem fins de semana. Mas a verdade é que eu até gosto das coisas assim, e não há nada melhor que um laboratório vazio, sem ninguém por perto para chatear, e aquilo é tudo nosso: o nosso ritmo de trabalho, o nosso volume da nossa musica!
Talvez dedique os próximos posts a descrever o choque cultural que vivi ao vir para aqui: aquelas pequenas coisas que só um cientista repara, e se juntarmos o candidato a cientista com o candidato a poeta/escritor, entao muito há para escrever.
Só para aguçar o apetite aqui fica um bocadinho do que vivi hoje.
Fui para a baixa da cidade ter com uns colegas (andamos todos com a mania que somos escritores) para escrever. E para lá chegar tenho de apanhar o metro e o autocarro.
Ao contrário da maioria das cidades (acho eu) por aqui não é bem na periferia que estao os bairros degradados, é mesmo no meio da cidade, na Downtown, ao lado dos grandes edifício de negócios estao casas a apodrecer, edificios de apartamentos muito mal tratados e, é claro, os armazens abandonados.
Nesta zona da cidade andar de autocarro é uma odisseia por vários motivos:
1º o autocarro pára cada 40 segundos quase;
2º nunca vi motoristas de autocarro tão simpáticos. Falam com toda a gente e são mesmo atenciosos;
3º é um acumular de gente estranha... Hoje, por exemplo, estava uma senhora sentada atrás do motorista. Devia rondar os 60 e passou a viagem toda a choramingar; de frente a ela um homem que ultrapassava os 100 kg de certeza mandava charme a uma sra dos seus 60s tb que desfiava pedaços de lã para acalmar (palavras dela). A certa altura entra uma sra por volta dos 50 com voz de catarro e a falar sozinha. No banco ao meu lado um septuagenario apático e hirto vegetava.
E entao se tentarem andar de metro durante a semana dps das nove da noite... é mais ou menos o mesmo.
Mas no fundo até que gosto desta cidade. Por vezes quase me sinto Edmontonian, tal é a diversidade que por aqui há...
Sunday, November 20, 2005
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1 comment:
Possas mas nessa terra é só cotas??
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