Wednesday, November 30, 2005

A Razão

Quer queiramos quer não há sempre uma razao para aquilo que fazemos.
Tenho um amigo que diz que tudo o que fazemos tem por base a raiva. E se por um lado ele até pode ter razao e até podemos justificar as nossas acções tendo por base a raiva, a verdade é que hoje escrevo para falar doutras motivaçoes. Escrevo hoje para que nunca caia em esquecimento a pessoa que me fez interessar pela ciência.
Preciso sempre de uns momentos para contar a pianinho (era este o nome que a minha professora de escola primaria dava quando contavamos pelos dedos) para poder ser preciso no que conto. Mas dizia eu, corria o ano de 1995 (ou seria de 1994?). Mas para a história o ano pouco interessa. Estava eu no meu 8º ano de escolaridade quando me dava por feliz e contente por não ter professora de biologia que já ia na 2a baixa consecutiva quando de repente alguém (a directora de turma) nos diz que íamos ter um professor substituto.
O professor tinha seguramente mais de 1,80 m, e usava barba bem aparada. Apresentou-se como António Paulo Salgado e não sei precisar quando foi, mas facilmente ganhou o nosso respeito (e não éramos uma turma fácil).
Biologia ganhou uma vida nova, e de repente o rapaz que tinha crescido a querer ser jogador da bola, policia e advogado, passou a achar que a ciência tinha muito mais interesse.
Um dia ele convidou-nos para o irmos visitar à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra onde ele fazia investigação.
E foi com gosto que eu e mais 5 ou 6 colegas subimos o quebra costas, vindos da Escola Poeta Manuel da Silva Gaio, e nos dirigimos ao segurança na entrada principal e perguntámos pelo professor António Paulo Salgado.
Ele demorou a chegar e eu não podia esperar, pelo que nunca tive a oportunidade de ver onde era o laboratório onde ele trabalhava, mas a partir desse momento nunca mais pensei noutra coisa que não fosse ir para uma area científica.
Depois de 6 anos na Universidade, foi preciso ir para o estrangeiro para me voltar a lembrar de como aqui vim parar e finalmente descobrir que em Março de 2000 o meu Professor, António Paulo Salgado, morreu num acidente de viação.
Tive 6 meses para lhe agradecer, e agora que finalmente o iria fazer, existe apenas um rebento para me ouvir.
Não há moraç da história, não existe conclusão, apenas uma sensação de perda que nunca tinha sentido antes com alguém com quem tive tão pouco contacto. Mas acho que estaria (está) orgulhoso por ter mudado a minha vida e me ter indicado o caminho para a felicidade!

1 comment:

Catia said...

É assim... no início ia gozar, pq a parte do "mudou a minha vida" qd me convidou para ver o lab que acabei por não ver!!! lol mete piada.
Mas dp o fim tira a vontade de fazer piadas. Possas... é das formais mais estúpidas de se morrer! Tantas, tantas coisas q poderiam mudar um pequeno e fatídico momento...