Quer queiramos quer não há sempre uma razao para aquilo que fazemos.
Tenho um amigo que diz que tudo o que fazemos tem por base a raiva. E se por um lado ele até pode ter razao e até podemos justificar as nossas acções tendo por base a raiva, a verdade é que hoje escrevo para falar doutras motivaçoes. Escrevo hoje para que nunca caia em esquecimento a pessoa que me fez interessar pela ciência.
Preciso sempre de uns momentos para contar a pianinho (era este o nome que a minha professora de escola primaria dava quando contavamos pelos dedos) para poder ser preciso no que conto. Mas dizia eu, corria o ano de 1995 (ou seria de 1994?). Mas para a história o ano pouco interessa. Estava eu no meu 8º ano de escolaridade quando me dava por feliz e contente por não ter professora de biologia que já ia na 2a baixa consecutiva quando de repente alguém (a directora de turma) nos diz que íamos ter um professor substituto.
O professor tinha seguramente mais de 1,80 m, e usava barba bem aparada. Apresentou-se como António Paulo Salgado e não sei precisar quando foi, mas facilmente ganhou o nosso respeito (e não éramos uma turma fácil).
Biologia ganhou uma vida nova, e de repente o rapaz que tinha crescido a querer ser jogador da bola, policia e advogado, passou a achar que a ciência tinha muito mais interesse.
Um dia ele convidou-nos para o irmos visitar à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra onde ele fazia investigação.
E foi com gosto que eu e mais 5 ou 6 colegas subimos o quebra costas, vindos da Escola Poeta Manuel da Silva Gaio, e nos dirigimos ao segurança na entrada principal e perguntámos pelo professor António Paulo Salgado.
Ele demorou a chegar e eu não podia esperar, pelo que nunca tive a oportunidade de ver onde era o laboratório onde ele trabalhava, mas a partir desse momento nunca mais pensei noutra coisa que não fosse ir para uma area científica.
Depois de 6 anos na Universidade, foi preciso ir para o estrangeiro para me voltar a lembrar de como aqui vim parar e finalmente descobrir que em Março de 2000 o meu Professor, António Paulo Salgado, morreu num acidente de viação.
Tive 6 meses para lhe agradecer, e agora que finalmente o iria fazer, existe apenas um rebento para me ouvir.
Não há moraç da história, não existe conclusão, apenas uma sensação de perda que nunca tinha sentido antes com alguém com quem tive tão pouco contacto. Mas acho que estaria (está) orgulhoso por ter mudado a minha vida e me ter indicado o caminho para a felicidade!
Wednesday, November 30, 2005
Tuesday, November 22, 2005
Reviver o passado
Para quem estava numa de contar como foi a transiçao e ja não escrevia há muito tempo, devo dizer q dois posts em dois dias parece-me muito bom.
Volto ao passado, mas no fundo o que tenho é saudades do futuro. Desejo que o tempo passe depressa para voltar a encontrar a felicidade nos meus braços, seja neste país ou noutro qualquer canto do mundo.
Ouço sons de um passado muito distante. Seguramente mais de 7 ou 8 anos passaram desde que pedi uns CD's de Bush emprestados para levar de fárias para a Figueira.
Vivia entao o Verão da minha vida, verão que começou em desepero e ao mesmo tempo crença, e um dia por capricho acabou por me dar felicidade às mãos cheias. Não uma felicidade de supermercado, mas uma felicidade de maratona, ou de montanhismo, foi e é uma prova de resistência, cheia de obstáculos, mas cada passada torna mais próxima a meta, cada dia que passa é menos um dia de espera, cada abstáculo ultrapassado dá ainda mais sabor a cada segundo partilhado.Talvez um dia seja louco o suficiente para usar estas palavras como definição de amor, mas hoje estou demasiado apaixonado para pensar nessas coisas.
Hoje rendi-me às novas tecnologias e à maravilha que é a webcam!
Mas também tive oportunidade de renovar os meus sentimentos, não no sentido de os substituir, mas no sentido de que tanto tempo depois percebo que ainda sinto o mesmo, com a mesma intensidade, o desejo ainda é o mesmo de quando ainda nem tinha idade para entrar no casino!
Foi preciso ouvir uma música de Bush para largar o que tinha entre mãos e acabar por escrever sobre o que podia ter sido um dia como os outros, se um raio de Sol não me tivesse atingido quase fulminantemente. E eu fiquei feliz por isso!
Volto ao passado, mas no fundo o que tenho é saudades do futuro. Desejo que o tempo passe depressa para voltar a encontrar a felicidade nos meus braços, seja neste país ou noutro qualquer canto do mundo.
Ouço sons de um passado muito distante. Seguramente mais de 7 ou 8 anos passaram desde que pedi uns CD's de Bush emprestados para levar de fárias para a Figueira.
Vivia entao o Verão da minha vida, verão que começou em desepero e ao mesmo tempo crença, e um dia por capricho acabou por me dar felicidade às mãos cheias. Não uma felicidade de supermercado, mas uma felicidade de maratona, ou de montanhismo, foi e é uma prova de resistência, cheia de obstáculos, mas cada passada torna mais próxima a meta, cada dia que passa é menos um dia de espera, cada abstáculo ultrapassado dá ainda mais sabor a cada segundo partilhado.Talvez um dia seja louco o suficiente para usar estas palavras como definição de amor, mas hoje estou demasiado apaixonado para pensar nessas coisas.
Hoje rendi-me às novas tecnologias e à maravilha que é a webcam!
Mas também tive oportunidade de renovar os meus sentimentos, não no sentido de os substituir, mas no sentido de que tanto tempo depois percebo que ainda sinto o mesmo, com a mesma intensidade, o desejo ainda é o mesmo de quando ainda nem tinha idade para entrar no casino!
Foi preciso ouvir uma música de Bush para largar o que tinha entre mãos e acabar por escrever sobre o que podia ter sido um dia como os outros, se um raio de Sol não me tivesse atingido quase fulminantemente. E eu fiquei feliz por isso!
Sunday, November 20, 2005
ena! tanto tempo depois
E nem sei bem porquê, mas de repente esqueci-me que um dia tinha criado um blog de cronicas, que acabava por ser um companheiro de desabafos.
Desde o último post que tanta coisa aconteceu: mudei o chão que piso e agora tem dias em que a neve se põe entre os meus pés e o chão.
Pois é, resolvi agarrar o meu sonho com as duas mãos, fechei os olhos e fui até ao fim, e agora cá estou eu no Canadá a fazer o que gosto, mas longe de quem gosto.
Parece que não se pode ter mesmo tudo.
Enquanto a roupa lava lá em baixo na cave, vou debicando numas uvas sem sementes (onde é que ja se viu uvas sem semente?!?!?!) e preparo-me para me agarrar ao trabalho. Pois é, vida de cientista é chata, mas vida de candidato a cientista ainda é pior: não há feriados nem fins de semana. Mas a verdade é que eu até gosto das coisas assim, e não há nada melhor que um laboratório vazio, sem ninguém por perto para chatear, e aquilo é tudo nosso: o nosso ritmo de trabalho, o nosso volume da nossa musica!
Talvez dedique os próximos posts a descrever o choque cultural que vivi ao vir para aqui: aquelas pequenas coisas que só um cientista repara, e se juntarmos o candidato a cientista com o candidato a poeta/escritor, entao muito há para escrever.
Só para aguçar o apetite aqui fica um bocadinho do que vivi hoje.
Fui para a baixa da cidade ter com uns colegas (andamos todos com a mania que somos escritores) para escrever. E para lá chegar tenho de apanhar o metro e o autocarro.
Ao contrário da maioria das cidades (acho eu) por aqui não é bem na periferia que estao os bairros degradados, é mesmo no meio da cidade, na Downtown, ao lado dos grandes edifício de negócios estao casas a apodrecer, edificios de apartamentos muito mal tratados e, é claro, os armazens abandonados.
Nesta zona da cidade andar de autocarro é uma odisseia por vários motivos:
1º o autocarro pára cada 40 segundos quase;
2º nunca vi motoristas de autocarro tão simpáticos. Falam com toda a gente e são mesmo atenciosos;
3º é um acumular de gente estranha... Hoje, por exemplo, estava uma senhora sentada atrás do motorista. Devia rondar os 60 e passou a viagem toda a choramingar; de frente a ela um homem que ultrapassava os 100 kg de certeza mandava charme a uma sra dos seus 60s tb que desfiava pedaços de lã para acalmar (palavras dela). A certa altura entra uma sra por volta dos 50 com voz de catarro e a falar sozinha. No banco ao meu lado um septuagenario apático e hirto vegetava.
E entao se tentarem andar de metro durante a semana dps das nove da noite... é mais ou menos o mesmo.
Mas no fundo até que gosto desta cidade. Por vezes quase me sinto Edmontonian, tal é a diversidade que por aqui há...
Desde o último post que tanta coisa aconteceu: mudei o chão que piso e agora tem dias em que a neve se põe entre os meus pés e o chão.
Pois é, resolvi agarrar o meu sonho com as duas mãos, fechei os olhos e fui até ao fim, e agora cá estou eu no Canadá a fazer o que gosto, mas longe de quem gosto.
Parece que não se pode ter mesmo tudo.
Enquanto a roupa lava lá em baixo na cave, vou debicando numas uvas sem sementes (onde é que ja se viu uvas sem semente?!?!?!) e preparo-me para me agarrar ao trabalho. Pois é, vida de cientista é chata, mas vida de candidato a cientista ainda é pior: não há feriados nem fins de semana. Mas a verdade é que eu até gosto das coisas assim, e não há nada melhor que um laboratório vazio, sem ninguém por perto para chatear, e aquilo é tudo nosso: o nosso ritmo de trabalho, o nosso volume da nossa musica!
Talvez dedique os próximos posts a descrever o choque cultural que vivi ao vir para aqui: aquelas pequenas coisas que só um cientista repara, e se juntarmos o candidato a cientista com o candidato a poeta/escritor, entao muito há para escrever.
Só para aguçar o apetite aqui fica um bocadinho do que vivi hoje.
Fui para a baixa da cidade ter com uns colegas (andamos todos com a mania que somos escritores) para escrever. E para lá chegar tenho de apanhar o metro e o autocarro.
Ao contrário da maioria das cidades (acho eu) por aqui não é bem na periferia que estao os bairros degradados, é mesmo no meio da cidade, na Downtown, ao lado dos grandes edifício de negócios estao casas a apodrecer, edificios de apartamentos muito mal tratados e, é claro, os armazens abandonados.
Nesta zona da cidade andar de autocarro é uma odisseia por vários motivos:
1º o autocarro pára cada 40 segundos quase;
2º nunca vi motoristas de autocarro tão simpáticos. Falam com toda a gente e são mesmo atenciosos;
3º é um acumular de gente estranha... Hoje, por exemplo, estava uma senhora sentada atrás do motorista. Devia rondar os 60 e passou a viagem toda a choramingar; de frente a ela um homem que ultrapassava os 100 kg de certeza mandava charme a uma sra dos seus 60s tb que desfiava pedaços de lã para acalmar (palavras dela). A certa altura entra uma sra por volta dos 50 com voz de catarro e a falar sozinha. No banco ao meu lado um septuagenario apático e hirto vegetava.
E entao se tentarem andar de metro durante a semana dps das nove da noite... é mais ou menos o mesmo.
Mas no fundo até que gosto desta cidade. Por vezes quase me sinto Edmontonian, tal é a diversidade que por aqui há...
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